Visto é concedido só depois de processo
Brasileira que obteve visto de entrada sob ação judicial participa do simpósio “Uma Reflexão sobre o Nikkeyjin Desempregado e a Ajuda de Retorno”
OSNY ARASHIRO/ALTERNATIVAHAMAMATSU, 9/Junho – A brasileira Giullyane Futenma, 21, que recentemente tem sido destaque na imprensa, por ter ganhado o direito a visto de entrada no Japão mediante a intervenção de um advogado (leia sobre o caso em http://www.alternativa.co.jp/Noticia/View/17725/Ajuda-dos-300-mil-nikkei-ganha-visto) participou via Skype (ela se encontra no Brasil) do simpósio “Uma Reflexão sobre o Nikkeyjin Desempregado e a Ajuda de Retorno”.
O evento, aberto ao público, foi organizado pelo movimento Minority Youth Japan com apoio do professor Kimihiro Tsumura e realizado na Universidade Hamamatsu Gakuin, no sábado, 8.
Também participaram Lucas Futenma, marido da Giullyane, o sociólogo e professor Angelo Ishi e o advogado Ryo Takagai, que deu entrada com a ação judicial.
Segundo o advogado Takagai, “esse caso da Giullyane é uma exceção e não significa que os outros brasileiros que receberam a ajuda de retorno também tem o direito ao visto, pois cada caso deve ser analisado isoladamente”.
Para Angelo Ishi “o governo japonês sempre vai insistir que foi tudo explicado muito claramente, porém uma interpetreção errônea das regras para o termo 'san nen o medoni', (a princípio, ao redor de três anos), mudou todo o sentido”, acredita Ishi.
“O brasileiro não tem o direito de exigir o visto de entrada porque o governo não prometeu liberar literalmente em três anos, mas também não tem o direito de enrolar para seis anos e já se passaram quatro. Porém, temos o direito de exigir que o governo faça um pronunciamento oficial mais preciso a respeito de quais são as possibilidades ou não de se obter o visto para quem retornou com a ajuda dos 300 mil”.
O marido, Lucas Futenma, reconhece que o visto para a esposa foi uma conquista, mas que o governo japonês deveria cumprir o que foi prometido, liberando a entrada para todos os retornados. “Na época, para obter a ajuda dos ¥ 300 mil, deveria estar com os impostos em dia, então nós moramos no Japão, pagamos nossos impostos e o visto é um direito nosso”.
Lucas sabe que a luta continua. “Gostaria que liberassem o visto para todos, pois já se passaram mais de três anos. O sofrimento de ficar longe da família é muito é triste; meus pais querem voltar para o Japão, mas não podem porque receberam a ajuda do retorno e essa situação é a mesma para muitas outras famílias separadas”.
Foto: Osny Arashiro/Alternativa
Advogado Ryo Takagai (em pé) durante simpósio; Lucas Futenma é o segundo (esq./dir.)